2.2.09

"Who wants to be a millionaire?"

millionaire é o caralho, eu quero um oscar porra!


No Brasil, na Índia, no mundo, quem quer ser um milionário? Qualquer um, eu diria.
Vi o filme antes de ler qualquer coisa sobre,mas claro, com um empurrãozinho do globo de ouro, e achei muito interessante.
Primeiramente pela primorosa edição, direção e fotografia que o filme apresenta, além de uma trilha sonora bem composta e eclética pra um filme tão étnico, seguindo-se pelos bons atores e diálogos e pela forma como a história de amor de dois jovens foi construída e contada ao longo do filme, acho particularmente incrível a capacidade de no fim tudo se ligar, todas as histórias se reunirem em um único ponto. Pois bem, lendo algumas críticas, brazucas claro, sobre o filme vi que não fui só eu que vi um pedacinho do Brasil nele mas pensei bem e me perguntei, por que vi o Brasil lá? Simples, porque lá, e o filme mostra bem isso, moram vizinhos bem conhecidos, como o tráfico, as favelas, desigualdade social, abandono, exploração... enfim, o de sempre. Mas duas cenas me chamaram bastante atenção e me levaram a crer que as fronteiras do mundo acabaram, mesmo com as diferenças culturais. A primeira é a cena em que Latika e Jamal conversam sobre o tal programa "Who wants to be a millionaire" e Jamal diz que o porgrama é idiota e pergunta porque todos o assistem, então Latika responde que as pessoas o assitem porque é uma forma de sair da vida que levam, uma forma de mudar, o que me trouxe pra casa onde assito aos montes de programas que trazem esse tipo de esperança a pessoas que vivem em situções parecidas aqui mesmo. A outra cena, se refere quase que à mesma idéia, quando Jamal responderá a pergunta final e que todos aparecem colocados à frente de aparelhos de tv torcendo por uma pessoa que nem conhecem mas que vive uma realidade comum a todos, ver como eles vibram me faz lembrar como muitos de nós apadrinham big brothers, concorretes que giram roletas, cantores, ou coisa parecida. Estamos todos no mesmo barco.

Li também algo sobre a atriz mirim que interpreta Latika na infância, uma menina de nove anos que nunca tinha ido à escola [quantas a gente conhece?] e que mora em um barraco com os pais em uma favela em Mumbai. Rubina Ali quer participar de mais filmes, mas quem sabe?
As semelhanças com o Brasil nem chegam a sair do cinema, como na cena da perseguição às crianças logo no começo do filme, que muito se assemelha à famosa perseguição à galinha em Cidade de Deus, ou ainda ao modelo de malandro bandido made in Brasil dado ao personagem Salim, irmão de Jamal.

O filme todo é uma grande reflexão, que nos faz pensar de longe pra concluir de perto e mostrar que como diz, o também novo hype mundial, Obama, "If we want, Yes we can."

4 comentários:

Lígia disse...

quero assistir também. Bem que os cinemas (?) daqui podiam se movimentar, né?

Jorge André disse...

um filme com histórias paralelas têm tudo pra ganhar o oscar, vide crash.

mas dilemas sociais que nem são dos americanos? babel tentou empurrar isso, e não levou. talvez, se slumdog concorresse a melhor filme estrangeiro...

P.S: tenho que assistir ao filme pra ter uma opinião mais fundamentada.

Afonso disse...

Olha, podem falar o que for de Benjamin Button (e eu até acho que ele ganhará melhor filme), mas Slumdog mexeu bem mais comigo.

A história é bem contada, a fotografia, a trilha, as atuações (a Latika pequena na cena do trem foi de arrepiar), tudo perfeito.

E é bem isso que tu disse. A história é na Índia, mas não só sobre a Índia. Nós brasileiros nos reconhecemos.

Lara disse...

E Slumdog levou, ó. Eu amei o filme, embora minha preferência para a estatueta fosse para Frost/Nixon. Mas ele tem uma luz, uma certa magia (?) que parece conquistar aos espectadores e inclusive à academia. Acho que todos somos muito sensíveis a histórias de amor e superação. (':
Eu vi muita semelhança com Cidade de Deus. O "Zé Pequeno" que o Salim se tornou, a cena da perseguição, o enfoque nas favelas, a violência. Com o diferencial da violência crua que o brasileiro tem. É como estavam (não lembro se foi o diretor ou o roteirista) falando no red carpet ontem: é uma espécie de conto de fadas na índia globalizada. E como eu adoro histórias otimistas assim... por sinal, acho que é esse tipo de história que combina com Bollywood e todo aquele universo.


Ah, uma coisa é fato: depois de ver esse filme, me deu VA da novela das 8. ):